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Consumidor pode sentir no bolso os efeitos da seca na região

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Emater
Lavouras de milho foram uma das mais afetadas no Estado. Quantidade de sacas colhida pelos agricultores não cumpre com a expectativa do período de plantio

Será que os reflexos da estiagem começaram a chegar, mesmo que aos poucos, no bolso do consumidor dos supermercados da Região Central? De acordo com o presidente do Sindigêneros Região Centro, Eduardo Stangherlin, que representa o comércio varejista de gêneros alimentícios e supermercados e hipermercados de 22 municípios, os fornecedores já estão cobrando mais caro por alguns produtos.

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Ainda segundo ele, o arroz, a farinha de trigo e o feijão aumentaram o preço em 30%, também por conta da seca e da alta do dólar:

- Esse aumento ainda não foi repassado aos clientes. Os grandes supermercados têm estoque de itens comprados ao preço antigo. Os estabelecimentos menores, na visão do empresário, deverão aumentar o valor dos produtos rapidamente, porque o estoque é menor ou não existe.

Stangherlin acrescenta que o preço dos ovos pode aumentar de 10% a 20%, devido à quebra da safra do milho (diferença entre a expectativa e o que realmente foi colhido).

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Com a diminuição na oferta da milho, a tendência é o aumento de preço das rações
Foto: Emater

E A QUALIDADE?

Conforme informações da Emater, as plantações de milho da região, em 2020, também não se desenvolveram. E, com a baixa produtividade de grão, a oferta diminui e o preço aumenta.

- Já estamos com dificuldade de conseguir algumas verduras, como brócolis, couve flor. Dá para perceber que a qualidade do hortifrúti caiu um pouco. Encontramos caqui em tamanho menor. A maçã, que é produzida no Rio Grande do Sul, está mais feia - comenta o dirigente.

Por outo lado, o chefe do escritório da Emater em Santa Maria, Guilherme Godoy dos Santos, diz que ainda não é possível constatar um aumento significativo no valor que os agricultores estão recebendo. O valor dos hortifrútis pode aumentar, mas não por culpa exclusiva da estiagem.

- Há, também, a valorização de produtos, que estavam com o preço estagnado. Além disso, enfrentamos o encarecimento de insumos, a alta do dólar e as questões logística. Tudo influencia - explica Guilherme.

Uma alternativa para driblar a crise é trazer verduras e frutas de outros Estados. Porém, o transporte também eleva o custo para os mercados e, consequentemente, ao consumidor.

- A situação tende a piorar. Além da seca, se o inverno for rigoroso, iremos ter dificuldade quanto a preços e qualidade dos produtos - alerta o presidente do Sindigêneros.

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FEIRAS

Na propriedade de Lérida Pivoto Pavanelo, 53 anos, o preço do queijo aumentou R$ 1 por quilo. A produção de leite caiu pela metade, e os custos aumentaram. Afinal, a pastagem não cresce e a ração no cocho se tornou a principal forma de alimentação dos animais.

Além de agricultora, Lérida é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó. A produtora diz que vários colegas não comparecem à feira por não terem hortaliças para vender.

- A única produção suficiente para a demanda de toda Santiago é a alface. Mesmo assim, percebemos que até essa já começa a faltar - conta Lérida,

A expectativa de Lérida era colher 350 sacas de milho neste ano. Mas, agora, ela acredita que a lavoura renderá, no máximo, 200. No feijão, o prejuízo será maior. Na propriedade dela, 95% da safra foi perdida. A agricultora imaginava colher 50 sacas do grão, mas, com essa realidade, conseguirá apenas duas. Cada saca de feijão tem 60 quilos.

- Os agricultores também sofrem as consequências da pandemia do novo coronavírus, visto que o público nas feiras diminuiu. Com isso, não tem como aumentar muito o preço da venda direta para os clientes, que já são poucos - fala.

Doutora em economia e professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rita Inês Paetzhold Pauli explica que as prefeituras terão de tomar as rédeas da crise e criar projetos para mitigar os efeitos da seca. Ela esclarece, ainda, que é difícil precisar quais serão os reflexos no bolso da população, porque muitos alimentos vêm de fora do Rio Grande do Sul ou de outros países.

- Períodos de seca serão um problema cada vez mais recorrente. É resultado do aquecimento global. A agricultura sofre porque está sujeita ao clima. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem desenvolvido estratégias para driblar a estiagem. Mais do que nunca, o poder público precisa levar o produtor a conhecê-las - defende a economista.

*Colaborou Rafael Favero

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